b 1 - Introdução / Contextualização
A minha prática artística baseia-se em longos períodos de trabalho de campo em comunidades rurais isoladas e lugares limite em todo o mundo. Uma prática Site-specific que é essencialmente multidisciplinar, mas que se desenvolve a partir de ideias chave comuns: problematizar o conceito de “Natureza” no presente Século, ao questionar o papel da arte enquanto veículo capaz de intervir na nossa percepção da materialidade orgânica e expandir a forma como entendemos a condição antropocêntrica. Um trabalho ligado á Sound Art, Novos Media, Land Art e Performance, que cruza pesquisa antropológica, ecologia acústica, ruralidade e Escultura.
Desprovida de carga política directa, o meu trabalho oferece relações entre território, materiais orgânicos e experimentações tecnológicas relativamente simples. Uma prática artística que é intemporal e independente dos grandes eventos mundiais, ao actuar de forma local e promover a sensibilidade para com processos intangíveis na natureza. Todas as minhas mostras públicas resultam da pesquisa que tenho vindo a desenvolver em geografias limite , desde o deserto africano do Sahara “The Weight of Mountains 2015” ao mais recente trabalho no vale Glaciar do Rhone “ La Becque 2019”. Em todos estes projectos existe sempre uma forte interacção com as comunidades locais, ao criar uma discussão que embora apolítica, incentiva o pensamento público em torno das dificuldades de relação entre Homem e ambiente.
A presente proposta nasce no seguimento de conceitos desenvolvidos durante a residência Artística de três meses nas Aldeias Minoritárias do norte do Vietname. Durante este período desenvolvi várias gravações de campo em contacto directo com as comunidades Rurais, ao explorar as suas práticas culturais e materiais de subsistência, nomeadamente a produção agrícola de Arroz. O trabalho final resultou numa instalação sonora que amplifica excedentes locais de palha de arroz, numa reinterpretação sonora e escultórica da sua materialidade, assim como uma produção documental que foca pequenos detalhes na vida destas minorias étnicas..
A minha prática artística baseia-se em longos períodos de trabalho de campo em comunidades rurais isoladas e lugares limite em todo o mundo. Uma prática Site-specific que é essencialmente multidisciplinar, mas que se desenvolve a partir de ideias chave comuns: problematizar o conceito de “Natureza” no presente Século, ao questionar o papel da arte enquanto veículo capaz de intervir na nossa percepção da materialidade orgânica e expandir a forma como entendemos a condição antropocêntrica. Um trabalho ligado á Sound Art, Novos Media, Land Art e Performance, que cruza pesquisa antropológica, ecologia acústica, ruralidade e Escultura.
Desprovida de carga política directa, o meu trabalho oferece relações entre território, materiais orgânicos e experimentações tecnológicas relativamente simples. Uma prática artística que é intemporal e independente dos grandes eventos mundiais, ao actuar de forma local e promover a sensibilidade para com processos intangíveis na natureza. Todas as minhas mostras públicas resultam da pesquisa que tenho vindo a desenvolver em geografias limite , desde o deserto africano do Sahara “The Weight of Mountains 2015” ao mais recente trabalho no vale Glaciar do Rhone “ La Becque 2019”. Em todos estes projectos existe sempre uma forte interacção com as comunidades locais, ao criar uma discussão que embora apolítica, incentiva o pensamento público em torno das dificuldades de relação entre Homem e ambiente.
A presente proposta nasce no seguimento de conceitos desenvolvidos durante a residência Artística de três meses nas Aldeias Minoritárias do norte do Vietname. Durante este período desenvolvi várias gravações de campo em contacto directo com as comunidades Rurais, ao explorar as suas práticas culturais e materiais de subsistência, nomeadamente a produção agrícola de Arroz. O trabalho final resultou numa instalação sonora que amplifica excedentes locais de palha de arroz, numa reinterpretação sonora e escultórica da sua materialidade, assim como uma produção documental que foca pequenos detalhes na vida destas minorias étnicas..
b 2 - Proposta / Residência e mostra individual.
A presente proposta ao programa SHUTTLE é para apoio a produção no âmbito de residência internacional, com exposição Individual final. “Beyond the Audible - Fictional Forests” foi concebido para a Inframuros Residence. Concretamente, pretende-se a produção de uma instalação novos media de grande escala e uma peça audiovisual documental que foca todo o processo de pesquisa com as comunidades locais.
O projecto com inicio em Outubro de 2020, é um período de Residência Artística na zona dos Vulcões de Auvergne. A selecção do meu projecto foi feita por parte da “Inframuros artists en residence” sendo resultado de um concurso público internacional onde após a avaliação de 1649 propostas submetidas, o Juri composto por Sophie Auger-Grapin (directora do Creux de L ́Enfer Contemporary Art Center), Gaëlle Petit (departamento de Artes Visuais da região de Auvergne-Rhône-Alpes), Clélia Barthelon (artista e coordenadora da associação Les Arts en Balade) e Philippe Eydieu (co-coordenador de pesquisa na École Supérieure d'art de Clermont), escolheram unanimemente apoiar e supervisionar a produção deste projecto. Os resultados do concurso são públicos e divulgados online na Plataforma: http://www.artistesenresidence.fr/actus-en.html
b 3 - Metodologia / Duas fases:
A primeira fase é dedicada exclusivamente a trabalho de investigação e recolha documental de campo, a acontecer entre Outubro e Novembro de 2020 no Parque Natural Regional dos Vulcões de Auvergne, Património Mundial da UNESCO, região onde se encontra a única cadeia Vulcânica da Europa Central. Durante o período de dois meses é desenvolvida pesquisa na Região em trabalho próximo com as comunidades locais.
À semelhança do projecto desenvolvido no Vietnam, nesta fase existe um estudo geológico e botânico de campo em que o artista colabora com investigadores locais com a intenção de seleccionar espécimes de plantas regionais, que vão ser posteriormente utilizados num contexto de instalação sonora. Estes especímenes vão ser escolhidos de acordo com as suas características acústicas, após um período de estudo e interacção directa com a especificidade local.
O projecto prevê ainda desenvolver uma série de gravações da região vulcânica e aceder a arquivos históricos, com o intuito de estudar caraterísticas geológicas da região e resgatar documentação audio-visual. A metodologia documental segue o padrão da obra mais recente “Rhone” , ao trabalhar o objecto artístico como fruto da colaboração directa entre diferentes praticas ambientais, ao incluir outras áreas de conhecimento como a etnografia, a biologia, a botânica e a geologia. Uma prática que entende a Sound Art como área de cruzamento disciplinar, atribuindo-lhe um contexto social e ecológico de intervenção no espaço Natural.
A presente proposta ao programa SHUTTLE é para apoio a produção no âmbito de residência internacional, com exposição Individual final. “Beyond the Audible - Fictional Forests” foi concebido para a Inframuros Residence. Concretamente, pretende-se a produção de uma instalação novos media de grande escala e uma peça audiovisual documental que foca todo o processo de pesquisa com as comunidades locais.
O projecto com inicio em Outubro de 2020, é um período de Residência Artística na zona dos Vulcões de Auvergne. A selecção do meu projecto foi feita por parte da “Inframuros artists en residence” sendo resultado de um concurso público internacional onde após a avaliação de 1649 propostas submetidas, o Juri composto por Sophie Auger-Grapin (directora do Creux de L ́Enfer Contemporary Art Center), Gaëlle Petit (departamento de Artes Visuais da região de Auvergne-Rhône-Alpes), Clélia Barthelon (artista e coordenadora da associação Les Arts en Balade) e Philippe Eydieu (co-coordenador de pesquisa na École Supérieure d'art de Clermont), escolheram unanimemente apoiar e supervisionar a produção deste projecto. Os resultados do concurso são públicos e divulgados online na Plataforma: http://www.artistesenresidence.fr/actus-en.html
b 3 - Metodologia / Duas fases:
A primeira fase é dedicada exclusivamente a trabalho de investigação e recolha documental de campo, a acontecer entre Outubro e Novembro de 2020 no Parque Natural Regional dos Vulcões de Auvergne, Património Mundial da UNESCO, região onde se encontra a única cadeia Vulcânica da Europa Central. Durante o período de dois meses é desenvolvida pesquisa na Região em trabalho próximo com as comunidades locais.
À semelhança do projecto desenvolvido no Vietnam, nesta fase existe um estudo geológico e botânico de campo em que o artista colabora com investigadores locais com a intenção de seleccionar espécimes de plantas regionais, que vão ser posteriormente utilizados num contexto de instalação sonora. Estes especímenes vão ser escolhidos de acordo com as suas características acústicas, após um período de estudo e interacção directa com a especificidade local.
O projecto prevê ainda desenvolver uma série de gravações da região vulcânica e aceder a arquivos históricos, com o intuito de estudar caraterísticas geológicas da região e resgatar documentação audio-visual. A metodologia documental segue o padrão da obra mais recente “Rhone” , ao trabalhar o objecto artístico como fruto da colaboração directa entre diferentes praticas ambientais, ao incluir outras áreas de conhecimento como a etnografia, a biologia, a botânica e a geologia. Uma prática que entende a Sound Art como área de cruzamento disciplinar, atribuindo-lhe um contexto social e ecológico de intervenção no espaço Natural.
A segunda fase cuja duração é de um mês, prevê uma mostra pública individual a acontecer em fevereiro de 2021, em pareceria com os diferentes curadores e órgãos de difusão artística que colaboram com a residência.
Neste segundo momento, o trabalho de campo vai dar lugar a produção em estúdio, com o intuito de criar uma instalação audiovisual, proposta de obra em grande escala que consiste em dispor dezenas de motores de rotação lenta, que suportam exemplares individuais de espécimes orgânicos locais. É criado um espaço expositivo de amplificação, uma estrutura que grava frequências em tempo real, resultantes do contacto físico entre plantas. Cada exemplar individual encontra-se em rotação constante, interagindo fisicamente com o próximo - uma espécie de representação ficcional da interacção entre copas de árvores numa floresta. (nota: o processo de rotação aqui mencionado é semelhante ao trabalho “Cartographies” e “(UN)Measurements”, no entanto esta proposta utiliza uma repetição massiva em série desse mecanismo, com o intuito de criar uma plataforma arquitectónica cinética.
A principal inovação deste projecto em comparação com trabalhos anteriores é o uso de matéria viva, ao utilizar espécies de plantas em desenvolvimento, existe um processo mais frágil e cuidado, com diferentes necessidades técnicas, que se traduz numa instalação que altera a sua forma e densidade durante o período temporal de exposição.
As frequências resultantes deste processo vão ser amplificadas num sistema de som ambisónico - que é disperso por toda a Galeria. Em suma, através do movimento, cria-se um resultado sonoro fruto da troca física entre corpos. Uma interacção aqui trabalhada em detalhe acústico, que permite ao público percepcionar pormenores auditivos que seriam intangíveis de outra forma. A inovação consegue-se pela simplicidade e vontade de trabalhar directamente com agentes locais, incluindo-os na decisão final da obra. Uma espécie de Ready-made rural, onde a sala de exposição se torna uma incubadora de experiências sensoriais com organismos vivos, que através de uma nova observação, assumem formatos inesperados.
Além do desenvolvimento de uma peça Central, este programa prevê a realização de um documental audiovisual que acompanha todo o processo criativo resultante da residência e pesquisa regional. Assim como um programa de workshops e pequenas apresentações públicas que valorizam a importância da colaboração activa entre prática artística e comunidades locais, incluindo zonas rurais menos populosas.
Para compreender a linguagem desta proposta é crucial a observação dos principais trabalhos do meu Portfolio, nomeadamente a documentação em formato video disponível para cada obra. O download do portfolio em formato PDF pode ser feito aqui, ou visto na íntegra online em Selected Work.)
b 4 ) Nota Final - VARC & Lisboa Soa.
Esta proposta ao programa de internacionalização SHUTTLE visa apoiar os custos de produção técnica da Residência Inframuros. No entanto, achei importante referir que para além da residência em França, o mesmo projecto “Beyond the Audible - Fictional Forests” vai ser apresentado publicamente em dois outros momentos: no contexto do festival Nacional Lisboa Soa e pelo programa artístico da VARC(Visual Arts in Rural Communities) no Reino Unido.
Este projecto vai ter uma primeira introdução nacional a convite da Curadora Raquel Castro, que em 2020 desenvolve programa do festival Lisboa Soa em pareceria com “Lisboa Capital Verde Europeia”. Este programa nacional é uma iniciativa itinerante e participativa que valoriza a criação artística, atribuindo-lhe um contexto social e ecológico de intervenção directa no espaço público, focando a Sound Art como área de possível cruzamento com outras disciplinas. Pareceu-me relevante expor que apesar da minha proposta ser de mostra internacional, através do Convite do Lisboa Soa, ela alcança igualmente órgãos de difusão nacional e contribui para a dinamização e valorização dos discursos criativos ecológicos em torno da Lisboa Capital Verde Europeia.
Em 2021, por comissão da VARC, Northumberland (UK), uma organização dedicada á disseminação da Arte Contemporânea em contextos Rurais, a mesma ideia de pesquisa de campo vai ter continuidade e desenvolvimento, com outra residência e exposição Individual, cujo foco geográfico é o “Northumberland national park”. Para além de uma exposição a solo final, estão previstos workshops e palestras públicas em parceria com as instituições que colaboram com a VARC, nomeadamente a Northumberland Wildlife Trust, Natural History Society of Northumbria e Newcastle University (Institute for Creative Arts and Centre for Rural Economy).
Em suma, apesar desta proposta ser para produção em França, decidi incluir estas duas referências extra na minha aplicação, para sublinhar a continuidade e ligação temática entre mostras públicas e órgãos de difusão externos, sublinhando que o meu trabalho se constrói sempre em continuidade. Sendo que o apoio Shuttle é um incentivo fundamental não só para esta produção, mas também para um desenvolvimento extenso da minha prática artística nacional e internacional.
Dois Videos referência Documental:
RHONE:
Neste segundo momento, o trabalho de campo vai dar lugar a produção em estúdio, com o intuito de criar uma instalação audiovisual, proposta de obra em grande escala que consiste em dispor dezenas de motores de rotação lenta, que suportam exemplares individuais de espécimes orgânicos locais. É criado um espaço expositivo de amplificação, uma estrutura que grava frequências em tempo real, resultantes do contacto físico entre plantas. Cada exemplar individual encontra-se em rotação constante, interagindo fisicamente com o próximo - uma espécie de representação ficcional da interacção entre copas de árvores numa floresta. (nota: o processo de rotação aqui mencionado é semelhante ao trabalho “Cartographies” e “(UN)Measurements”, no entanto esta proposta utiliza uma repetição massiva em série desse mecanismo, com o intuito de criar uma plataforma arquitectónica cinética.
A principal inovação deste projecto em comparação com trabalhos anteriores é o uso de matéria viva, ao utilizar espécies de plantas em desenvolvimento, existe um processo mais frágil e cuidado, com diferentes necessidades técnicas, que se traduz numa instalação que altera a sua forma e densidade durante o período temporal de exposição.
As frequências resultantes deste processo vão ser amplificadas num sistema de som ambisónico - que é disperso por toda a Galeria. Em suma, através do movimento, cria-se um resultado sonoro fruto da troca física entre corpos. Uma interacção aqui trabalhada em detalhe acústico, que permite ao público percepcionar pormenores auditivos que seriam intangíveis de outra forma. A inovação consegue-se pela simplicidade e vontade de trabalhar directamente com agentes locais, incluindo-os na decisão final da obra. Uma espécie de Ready-made rural, onde a sala de exposição se torna uma incubadora de experiências sensoriais com organismos vivos, que através de uma nova observação, assumem formatos inesperados.
Além do desenvolvimento de uma peça Central, este programa prevê a realização de um documental audiovisual que acompanha todo o processo criativo resultante da residência e pesquisa regional. Assim como um programa de workshops e pequenas apresentações públicas que valorizam a importância da colaboração activa entre prática artística e comunidades locais, incluindo zonas rurais menos populosas.
Para compreender a linguagem desta proposta é crucial a observação dos principais trabalhos do meu Portfolio, nomeadamente a documentação em formato video disponível para cada obra. O download do portfolio em formato PDF pode ser feito aqui, ou visto na íntegra online em Selected Work.)
b 4 ) Nota Final - VARC & Lisboa Soa.
Esta proposta ao programa de internacionalização SHUTTLE visa apoiar os custos de produção técnica da Residência Inframuros. No entanto, achei importante referir que para além da residência em França, o mesmo projecto “Beyond the Audible - Fictional Forests” vai ser apresentado publicamente em dois outros momentos: no contexto do festival Nacional Lisboa Soa e pelo programa artístico da VARC(Visual Arts in Rural Communities) no Reino Unido.
Este projecto vai ter uma primeira introdução nacional a convite da Curadora Raquel Castro, que em 2020 desenvolve programa do festival Lisboa Soa em pareceria com “Lisboa Capital Verde Europeia”. Este programa nacional é uma iniciativa itinerante e participativa que valoriza a criação artística, atribuindo-lhe um contexto social e ecológico de intervenção directa no espaço público, focando a Sound Art como área de possível cruzamento com outras disciplinas. Pareceu-me relevante expor que apesar da minha proposta ser de mostra internacional, através do Convite do Lisboa Soa, ela alcança igualmente órgãos de difusão nacional e contribui para a dinamização e valorização dos discursos criativos ecológicos em torno da Lisboa Capital Verde Europeia.
Em 2021, por comissão da VARC, Northumberland (UK), uma organização dedicada á disseminação da Arte Contemporânea em contextos Rurais, a mesma ideia de pesquisa de campo vai ter continuidade e desenvolvimento, com outra residência e exposição Individual, cujo foco geográfico é o “Northumberland national park”. Para além de uma exposição a solo final, estão previstos workshops e palestras públicas em parceria com as instituições que colaboram com a VARC, nomeadamente a Northumberland Wildlife Trust, Natural History Society of Northumbria e Newcastle University (Institute for Creative Arts and Centre for Rural Economy).
Em suma, apesar desta proposta ser para produção em França, decidi incluir estas duas referências extra na minha aplicação, para sublinhar a continuidade e ligação temática entre mostras públicas e órgãos de difusão externos, sublinhando que o meu trabalho se constrói sempre em continuidade. Sendo que o apoio Shuttle é um incentivo fundamental não só para esta produção, mas também para um desenvolvimento extenso da minha prática artística nacional e internacional.
Dois Videos referência Documental:
RHONE:
Burundam:
Dois Videos Referência Instalação: