Marégrafo
Parte da série “ The sound of an earthquake contained in a room “ peça número 2 de 3 . © Gil Delindro 2022
210 x 250 x 45 cm / 70.000 peças de madeira reciclada, plataforma de cor9ça, al9falante de infrassom. Captação de audio no fundo do Rio Douro, ( Marégrafo da Cantareira, Porto).
Marégrafo faz parte de uma série de 3 esculturas independentes e construídas manualmente, que utilizam frequências de infra-som, captadas em tempestades e terramotos em todo o mundo.
A presente obra, consiste em captações efetuadas no fundo do Rio Douro, com foco em frequências extremamente baixas dos 10 a 20 hz. Embora os infra-sons não possam ser percepcionados pelo ouvido humano ( encontram-se abaixo da gama auditiva biológica), eles geram energia e vibração acústica, que aqui resultam numa escultura cinética, em constante movimento e mutação. A peça é um alto relevo, composta por 70 mil paus de bambu reciclados, que são colocados manualmente ( um a um) numa plataforma preparada com um altifalante. O altifalante reproduz directamente as frequências sonoras para a plataforma, fazendo com que os paus de madeira vibrem e choquem uns com os outros, em resposta à pressão acústica. Em suma, esta obra dá uma representação fisica a gravações Sonoras na foz do Douro, que seriam de outra forma imperceptiveis ao ser humano.
Uma obra que se constrói a partir de uma troca física entre Som e matéria. O som deixa de ocupar um lugar musical invisível e imaterial, para aqui ser utilizado como um agente efémero que molda, altera e compõe a materialidade. Trata-se de uma escultura vulnerável, frágil e transiente, que vive em constante reação, numa tentativa modesta de usar a paisagem como força viva.
Obra integrante da exposição individual Marégrafo, projeto apoiado pela Camara Municipal do Porto no âmbito do programa Criatório.